A História de Luiz Carlos Pigatto, o Caburé

Luiz Carlos Pigatto da Silva, o “Caburé”, foi um empresário gaúcho que transformou o mercado de seguros no Brasil ao fundar, em 1963, o Grupo Caburé, especializado em seguros de vida em grupo. Com origem humilde, trabalhou desde a infância e superou a tuberculose na juventude. Seu modelo de negócios ampliou o acesso à proteção financeira para milhões de brasileiros. Também deixou um legado comunitário e cultural no litoral gaúcho. Faleceu em 2023, aos 90 anos, e foi homenageado com a renomeação de uma rua em sua memória.

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Inovação
23 de junho de 2025

Quem foi Luiz Carlos Pigatto da Silva, o “Caburé”

Luiz Carlos Pigatto da Silva, conhecido por todos como “Caburé”, foi um empresário visionário que marcou profundamente o setor de seguros no Brasil. Nascido em Porto Alegre no dia 16 de julho de 1933, ele fundou o Grupo Caburé, uma das principais administradoras de apólices de seguros de vida em grupo da América Latina.

Sua trajetória é exemplo de superação, pioneirismo e impacto social. Caburé foi um dos grandes responsáveis por democratizar o acesso à proteção securitária no país, com foco em parcerias institucionais e soluções escaláveis. Em 2023, ano de seu falecimento, o grupo que leva seu apelido já administrava mais de R$ 28 bilhões em capitais segurados, atendendo mais de 2 milhões de brasileiros.

Primeiros anos e origem humilde

Caburé nasceu em uma família simples, sendo um dos cinco filhos. A infância foi marcada por dificuldades: perdeu a mãe ainda aos seis anos e teve que começar a trabalhar muito cedo — foi engraxate e ajudante em pequenos comércios. Estudou apenas até a 3ª série do ensino fundamental, mas essa vivência moldou sua mentalidade empreendedora.

Na adolescência, enfrentou um diagnóstico devastador de tuberculose, com um prognóstico de apenas dez dias de vida. Contra todas as expectativas, se recuperou, e esse renascimento o levou a percorrer o Brasil em busca de trabalho, vivendo de forma itinerante e conhecendo de perto a realidade do povo brasileiro. Essa experiência moldou não só sua resiliência, mas também sua visão de negócio.

O início da carreira profissional

Antes de entrar no setor de seguros, Caburé teve uma trajetória bastante diversa: vendeu melancias, foi garçom no Copacabana Palace e em Buenos Aires, e até ajudante de cozinha em São Paulo. Depois, foi para Vitória (ES), onde trabalhou ao lado do irmão em um pequeno mercado, vendendo de porta em porta e fazendo entregas de bicicleta.

Foi em 1958 que sua história no mercado de seguros começou — de forma curiosa, a partir de um recorte de jornal feito por sua esposa, Zélia. Respondeu a um anúncio e, aos poucos, se inseriu no setor. Começou como autônomo e logo foi contratado como inspetor em Caxias do Sul, em uma época em que os seguros no Brasil eram ainda limitados, voltados majoritariamente a bens materiais e com pouca penetração entre a população de menor renda.

A fundação do Grupo Caburé

Em 1963, nascia o Grupo Caburé. Caburé teve a visão de desenvolver um modelo de comercialização de seguros de vida em grupo — algo praticamente inexistente no país à época. Com parcerias estratégicas com instituições como o Banco do Brasil e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), ele conseguiu levar a proteção securitária a milhões de trabalhadores brasileiros.

O modelo era simples e eficaz: com escala e eficiência, os seguros passaram a ser acessíveis para trabalhadores de diferentes faixas de renda. Com o passar dos anos, o Grupo Caburé se consolidou como uma das maiores administradoras de apólices da América Latina, sendo reconhecido tanto pela inovação quanto pelo impacto social de sua atuação.

Um legado além dos negócios

Caburé não se destacou apenas como empresário. Na década de 1980, adquiriu uma casa em Atlântida, no litoral gaúcho, e a transformou em um espaço de cultura, arte e convivência comunitária. Promovia festas abertas ao público, com shows, performances e uma energia acolhedora que marcou a região.

Esses eventos, inusitadamente realizados dentro de sua própria residência, atraíam centenas de pessoas — muitas delas sem qualquer relação pessoal com ele. Caburé fazia questão de manter-se discreto, não se apresentando como anfitrião. Também foi responsável por melhorias na infraestrutura local, deixando uma marca positiva na comunidade de Xangri-lá.

O legado de um pioneiro

Luiz Carlos Pigatto da Silva faleceu em Porto Alegre no dia 19 de dezembro de 2023, aos 90 anos. Sua morte foi noticiada por veículos regionais e nacionais, sempre destacando sua trajetória de superação e sua importância para o desenvolvimento do setor de seguros no Brasil.

Caburé será lembrado como um dos grandes nomes da história do seguro de vida no Brasil. Sua principal contribuição foi a criação de um modelo que levou proteção financeira a milhões de famílias, especialmente das classes média e popular.

Mas seu legado vai além: suas ações também impactaram a vida urbana e comunitária, principalmente no litoral norte gaúcho. Era defensor de um urbanismo mais integrado e humano — promovia espaços sem muros, com cercas vivas e áreas de convivência que incentivavam o contato entre vizinhos.

Prêmios e homenagens

Em 2017, foi reconhecido pelo mercado segurador com o prêmio "Personalidade", concedido pelo Clube de Seguros de Vida e Benefícios (CVG). A homenagem foi entregue no dia 29 de setembro daquele ano.

E mesmo após sua partida, seu nome continua sendo celebrado: em janeiro de 2025, a antiga Rua Buriti, no município de Xangri-lá, foi oficialmente renomeada para Rua Caburé, em uma justa homenagem aprovada pela Câmara de Vereadores da cidade.